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Agro ocupa 60% da área de Mato Grosso


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Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos e algodão, e, dono do maior rebanho de bovinos do país, possui atualmente a maior área destinada à produção agropecuária entre as 27 unidades da federação. Dados do Censo Agro 2017, atualizados pelo IBGE, mostram que a superfície totaliza 54,83 milhões de hectares, 12,63% maior em relação aos números do último levantamento do setor, realizado em 2006. Naquele ano, o Estado detinha 48,68 milhões de hectares (ha).

A área estadual, por exemplo, supera o total da região Sul, que com seus três estados (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina) reúne 42,86 milhões ha. Depois de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, nessa ordem, ocupam a segunda e a terceira posição entre os maiores produtores do país.

O Censo Agro 2017, divulgado ontem pelo IBGE, mostra ainda que a área agropecuária do Brasil cresceu 5,10%, ao passar de 333 milhões ha para 350 milhões. O Centro-Oeste é a região que concentra a maior superfície com 110,61 milhões ha. Em relação aos 54,83 milhões ha de Mato Grosso, 10,45% deles foram identificados como áreas arrendadas ante um volume de 3,88% em 2006. Atualmente, o Rio Grande do Sul apresenta o maior índice de arrendamentos, chegando a 20,8% dos mais de 20,68 milhões já apontados no Censo.

O levantamento destaca ainda que existem no Estado 118,67 mil estabelecimentos agropecuários, 5% a mais que o registrado em 2006.

Em 2017 havia 424,46 mil pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários de Mato Grosso – o segundo maior contingente do Centro-Oeste – das quais 266,01 mil tinham relação de parentesco com o produtor/proprietário, ou seja, 62,73% da mão-de-obra. Goiás é o estado da região com mais gente ocupada, 486 mil pessoas.

Ainda sobre a mão-de-obra contabilizada pelo Censo Agro com laços de parentesco, das 266,01 mil pessoas ocupadas, 160,93 mil delas são homens com mais de 14 anos.

BRASIL – O Brasil aumentou em 16,5 milhões de hectares sua área de plantio e pastagem nos últimos 11 anos, segundo o IBGE na manhã de ontem. Neste período, Mato Grosso teve aumento expressivo na área ocupada por estabelecimentos agropecuários, eram 48 milhões de hectares em 2006 e passaram a 54 milhões em 2017, num aumento de 12,5%. Atualmente, as áreas de cultivo e pastagem respondem por 60,71% de Mato Grosso.

Os dados constam de relatório preliminar do chamado Censo Agro 2017, que mapeou as características de pouco mais de 5 milhões de estabelecimentos agropecuários no país. O relatório final será apresentado em julho do ano que vem.

Os 16,5 milhões de hectares a mais na produção no período são equivalentes a toda a área do estado do Acre.

Segundo o IBGE, os estabelecimentos agropecuários atualmente existentes no país ocupam uma área total de 350 milhões de hectares, um aumento de 5% em relação ao observado em 2006.

Os números apresentados nesta edição podem ser comparáveis em alguns aspectos com os do último Censo Agro, ocorrido em 2006.

Apesar de ter crescido em área, o país teve recuo, na mesma base comparativa, na quantidade de estabelecimentos agropecuários -eram 5,17 milhões em 2006 e passaram a 5,07 milhões em 2017, numa queda de 2% ou 101 mil estabelecimentos.

A informação sugere que os produtores menores têm perdido espaço para os grandes, que têm maiores níveis de mecanização e, devido à escala da produção, conseguem operar a custos mais baixos.

Um dado que confirma isso é o aumento no número de estabelecimentos com 1.000 hectares. Na comparação de 2017 com 2006, houve aumento no volume e na área relativa a esse grupo. Dos 16,5 milhões de hectares de área total adicionada ao setor, 16,3 milhões de hectares eram referentes a estabelecimentos acima de 1.000 hectares.

Os estabelecimentos de 100 a mil hectares reduziram sua participação no período -respondiam por 33,8% da área total em 2006 e passaram a 32% em 2017.

Diferenças regionais no Nordeste, por exemplo, a área total ocupada pelos estabelecimentos agropecuários recuou em 9,9 milhões de hectares- área equivalente ao estado de Pernambuco.

Segundo o coordenador do Censo Agro 2017, Antônio Carlos Florido, é preciso levar em conta algumas condições regionais.

No período de 11 anos em avaliação, o Nordeste teve sêcas em cinco deles. “Em casos como esses, de seca severa, os pequenos produtores tendem a encerrar suas atividades, enquanto os maiores produtores têm condição maior de resistir a esses efeitos”, disse Florido.

De acordo com o IBGE, o aumento de áreas plantadas ou de pastos principalmente no Norte e no Centro-Oeste não significa necessariamente aumento do desmatamento.

“Algumas áreas poderiam estar subutilizadas e foram anexadas à produção”, explica Florido.

As áreas de matas naturais em estabelecimentos agropecuários aumentaram em 11,4% nos últimos 11 anos, mostrou a pesquisa.

Lavouras permanentes como frutas e café tiveram redução de 31,7% na área de cultivo. Já as áreas destinadas a lavouras temporárias, como cana de açúcar e grãos, cresceram em 13,2% na mesma base de comparação.

TRABALHO E MECANIZAÇÃO – Os empregos no setor produtivo também tiveram queda no período na esteira da mecanização das lavouras. No período de 11 anos, ao menos 1,53 milhão de pessoas deixaram empregos no campo.

Em 2017, havia 15 milhões de trabalhadores em estabelecimentos agropecuários, enquanto em 2006 esse número era de 16,5 milhões de pessoas.

Na outra ponta, aumentou a quantidade de tratores em 50,2% no período (ou 407 mil unidades a mais). Já o número de estabelecimentos que utilizavam tratores, em 2017, aumentou para 733 mil, 200 mil a mais do que em 2006.

“De fato a mecanização reduziu a quantidade de trabalhadores nas produções. Uma colheitadeira de cana, por exemplo, substitui o trabalho de até 100 cortadores”, explica Florido.

Junto com a mecanização houve ainda o aumento da área irrigada nas plantações, que cresceu 52% no período.

Agrotóxicos Também houve aumento na quantidade de de estabelecimentos que utilizam agrotóxicos. Em 2017, 1,68 milhão de produtores alegaram utilizar algum tipo de agrotóxico -aumento de 21,2% em relação ao observado em 2006.

O IBGE não mediu a quantidade do agrotóxico utilizado ou se ele foi aplicado da forma correta. Segundo Florido, não é possível dizer, apenas com esses dados, que houve aumento na quantidade absoluta de pesticidas na produção.

O que se sabe, contudo, é que há mais acesso à tecnologia no campo do que há 11 anos. O acesso à internet, por exemplo, cresceu 1.790% no período. Em 2017, 1,4 milhão de produtores disseram ter acesso à internet nos locais de produção, enquanto em 2006 esse número era de apenas 75 mil.

A mecanização e os ganhos de produtividade levaram o país a registrar aumento, por exemplo, da produção de leite apesar de ter havido queda na quantidade de animais bovinos.

Em 2017, o país tinha 171 milhões de cabeças de gado, numa queda de 2,8% frente ao observado em 2006.

O IBGE explica, no entanto, que a discrepância pode ser explicada, em parte, pelo modelo de coleta adotado mais recentemente. Como o período de nascimento de bezerros começa em agosto e termina em dezembro, a pesquisa captou apenas parte desse movimento, já que a coleta foi feita em setembro, quando nem todos os novilhos tinham nascido ainda.

Apesar da quantidade menor de animais, o país teve um salto na produção de leite de vaca, da ordem de 10 bilhões de litros no últimos 11 anos. Em 2017, o país produziu 30,1 bilhões de litros de leite.

“Isso é explicado básicamente pela melhoria na produtividade. Espécies mais produtivas podem ter assumido o lugar de outras menos produtivas”, afirmou Florido.

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